Carteira de Investimentos, como escolher?

Por Igor Moreira

Olá pessoal, hoje vamos dar início a um projeto que há algum tempo estou tentando trazer aqui para a Árvore, mas apenas recentemente consegui os meios necessários para aplicá-lo. 

Desde que comecei a escrever aqui sempre quis trazer ideias para ajudar vocês na hora de escolher os investimentos. E é exatamente isso  isto que começaremos a fazer a partir hoje no projeto Carteira de Fundos de Investimento

Irei apresentar três carteiras de investimentos, às quais pretendo semanalmente divulgar os rendimentos aqui. E a cada 6 meses, irei reavaliar esta carteira de acordo com a situação do mercado e realizando o rebalanceamento dela (não se preocupe, vou explicar mais tarde o que é isso!) .

Além deste primeiro post, teremos uma pequena série de publicações explicando como construí essas carteiras, que te ajudarão a criar a sua própria. 

Mas vamos lá, hoje começo mostrando os critérios que utilizei e quais foram as carteiras criadas. Nas próximas publicações irei explicar de uma maneira mais aprofundada quais foram os conceitos por trás das minhas escolhas. 

Construindo um Portfólio

Primeiramente, com a taxa de juros do Brasil caindo para níveis nunca vistos antes (2,25% até o dia desta publicação), acredito que cada vez mais pessoas irão ter que abandonar a segurança da poupança e dos títulos públicos e buscar investimentos um pouco mais rentáveis. O investidor brasileiro terá que navegar por mares um pouco desconhecidos e mais tempestuosos, mas que se bem planejados podem auxiliar, e muito, na construção de seu patrimônio.

Saindo dos títulos de renda fixa, o caminho mais simples, aparentemente, é o de realizar aplicações em fundos de investimentos. No entanto, existem mais de 30 mil fundos cadastrados na CVM e mais de 320 desses fundos estão disponíveis hoje para o investidor através de corretoras (tem post aqui no blog sobre como abrir sua conta em uma delas). 

Além disso, existem as mais diversas opções de investimentos, desde fundos quantitativos até fundos que investem em ações, ouro etc. E com essa gama de opções, o investidor com pouco conhecimento fica perdido e sem saber onde investir.

Seguindo esse pensamento criei alguns critérios que eu defini como sendo os mais adequados para escolhermos os fundos. São eles:

  • Fundos que obtiveram boa performance nos últimos 3 anos;
  • Fundos que geraram valor para os seus cotistas através de rendimentos não correlacionados com o Ibovespa, o Dólar e Investimentos em títulos pré-fixados;
  • Fundos que mostraram um grau adequado de gerenciamento de risco durante a crise do Covid-19.
 

Além disso, para garantir que a análise da performance bem como da correlação fosse adequada, limitei minha busca a fundos que possuíssem mais de 3 anos de vida. Por último, como o objetivo aqui é analisar fundos que possam ser investidos por qualquer pessoa, limitei minha busca a fundos onde seja possível investir com menos de 20 mil reais iniciais. 

Ainda, é importante destacar que ao construir as carteiras, assumi um investimento inicial de 30 mil reais para podermos ter alguma diversificação nos nossos investimentos.

 

Carteira Conservadora

Esta é a carteira criada para um investidor que tem o perfil conservador (se você não sabe sobre o que é esse negócio de perfil de investidor dá uma olhada aqui).

 

Note que a maioria dos fundos são líquidos, com exceção do Kinea Chronos FIM. Isso porque a ideia para a carteira conservadora é gerar retornos acima do CDI mas com uma volatilidade relativamente baixa.  Abaixo fiz uma simulação de como esta carteira teria performado desde 2017:

Aqui é possível ver que a carteira apresentaria um retorno bom (cerca de 9,6% ao ano) e com uma volatilidade de 2,7% ao ano. Obtendo assim um Índice de Sharpe (Relação risco-retorno) de 3.52 (Índices de Sharpe acima de 1 são considerados muito bons para um portfólio de longo prazo). Uma outra medida interessante para se analisar e para termos alguma noção do risco dessa carteira é a análise de Drawdowns.

O Drawdown é uma medida de risco que analisa o quanto o fundo caiu a partir de seu topo. Assim no último gráfico, podemos ver que em abril durante a crise do Coronavírus a nossa carteira conservadora teria perdido aproximadamente 3% em relação ao seu topo histórico na época. 

É importante dizer que cada crise é única e não podemos afirmar com 100% de certeza que em uma outra eventual crise esse desempenho se repetiria. Mas eu acredito que essa crise seja um bom parâmetro para avaliarmos o gerenciamento de risco dos fundos que investimos e também para avaliarmos o quanto realmente estamos dispostos a aceitar perdas mesmo que momentâneas para usufruirmos de um maior retorno no futuro, afinal de contas No Pain, No Gain

Também podemos ver que esta carteira não é livre de riscos e o investimento nela deve ser feito levando em conta que aceitamos determinado nível de perdas. O mesmo vale para as próximas carteiras, sendo que estas terão cada vez mais riscos e por consequência, uma oportunidade maior de retorno.

 

Carteira Moderada

Aqui na carteira moderada, já podemos ver que ela possui uma liquidez um pouco menor do que a carteira conservadora. E pela distribuição, vemos também que ela é composta por diversos fundos multimercado e um fundo de ação o NCH Maracanã que é um fundo de ação que apresenta uma volatilidade relativamente menor se comparado ao seus pares.

Com isso, a ideia dessa carteira é obter retornos melhores do que o retorno da carteira conservadora, conseguimos isto com o auxílio de alguma participação em ações mas mantendo a maior parte de seu portfólio em fundos multimercado com baixa volatilidade como o Claritas Hedge FIC FIM Longo Prazo. 

Veja uma simulação  do desempenho desta carteira nos últimos 3 anos:

Como podemos observar, o retorno já seria bem mais expressivo do que o da carteira conservadora, com 17,5% de retorno por ano em média e uma volatilidade de 8,17%. 

No gráfico de Drawdown, vemos que esta é uma carteira mais arriscada que a carteira conservadora e que na crise do Covid-19 teria perdido mais de 8% em abril.

 

Carteira Arrojada

Se tivesse que escolher uma palavra para resumir esta carteira seria AÇÃO!

Como podemos ver 77,3% da carteira é composta por FIAs (Fundos de Investimento em Ação). Esta carteira é aconselhada apenas para quem realmente consegue aguentar o seu risco. A imagem abaixo exemplifica melhor isso:

Como podemos ver, é uma carteira que recompensa bastante quem aceita seus riscos. Desde 2017 ela acumula quase 100% de ganhos ou seja, dobraria seu capital em 3 anos. 

Tal retorno acumulado daria uma média de 21,8% ao ano com 13,12% de volatilidade o que resultaria em um Índice de Sharpe de 1,37. O seu risco maior pode ser observado no gráfico de Drawdown e como podemos ver, o investidor teria que aguentar uma perda de 20% da carteira durante a crise do Coronavirus. Note também que ainda hoje esse dinheiro não teria sido totalmente recuperado ao contrário das outras duas carteiras. 

Apesar desta perda parecer exagerada, ainda é menos da metade do que os 45% de Drawdown que o Ibovespa sofreu na crise, conforme a imagem abaixo:

Este gráfico foi feito sobre os retornos do ETF Bova11 que busca replicar os ganhos do Ibovespa. 

Vale destacar, que ETFs são índices que cobram bem pouco de taxas de administração e buscam uma gestão passiva, apenas replicando os ativos que compõem os índices que eles querem replicar. Como podemos ver, nossa carteira arrojada ainda possui uma performance bem melhor do que o Ibovespa no período.

Bem, essas são as carteiras apresentadas criadas para cada tipo de perfil de investidor. Semana que vem começaremos a séria de posts para acompanhar estas carteiras. Além disso, nas próximas semanas daremos início também a série de publicações com os conceitos que eu usei para criar estas carteiras. 

Para a criação destas carteiras utilizei o software R para construção do algoritmo que elabora a estratégia bem como constrói os pesos de cada carteira. O R é uma ferramenta excelente na área de finanças e caso queiram saber mais sobre como utilizar ele nesse tipo de estudo deixe nos comentários #QueroSaberMaisSobreR !

Caso tenha ficado alguma dúvida, deixe seu comentário ou entre em contato com a gente pelo fale Conosco!

Bons investimentos!
Até mais!

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